domingo, 13 de fevereiro de 2011

REFORMA POLÍTICA






Nas eleições tem ocorrido um gasto excessivo.
Não é possível compreender exatamente quanto custa um mandato e qual a forma encontrada para remunerar esse “investimento”.
Com aquilo que é pago a cada mandatário, com certeza não será.
É preciso identificar essa fonte.
Revelar essas faces obscuras talvez seja uma das maiores contribuições que a reforma política possa dar.
Quem financia e o que quer em troca?
Da forma como está às possibilidades serão sempre maiores dos representantes das classes hegemônicas dominarem e conseqüentemente, através do Direito, imporem suas regras, inclusive, para as eleições.
Algumas estruturas políticas podem ter sido inspiradas na Cidade Ideal, de Platão, pois revelam a existência de alguns capacitados para exercerem mandatos, ainda que os critérios dessa capacitação não sejam formação, habilidades ou comprometimento com determinadas causas populares.
Quem vai reformar o quê?
Para quem?
Com qual objetivo?
Será que muitos deputados e senadores têm coragem cortar sua própria pele e revelar do que se constitui seu mandato?
Não creio que a cultura moralista japonesa possa contagiá-los a cometerem um haraquiri eleitoral.
A reforma eleitoral deve prover o país de uma legislação simples, objetiva, clara a compreensão de qualquer cidadão e aplicável juridicamente sem tantos truncamentos que mantêm ou eternizam no poder mesmo aqueles sabidamente comprometidos moral e legalmente.
Entendo igualmente que a legislação brasileira deve atingir os financiadores de campanha que, de alguma forma dissimular os valores de suas “contribuições”, aliciando o processo em prol do seu interesse.
Antes de se reunirem com os partidos políticos e se acordar (ou seria adormecer) naquilo que será aprovado, seria mais interessante abrir amplo debate com a sociedade.
Não considero que aqueles que possuem mandatos e que buscarão reeleição sejam as melhores pessoas para discutir uma lei que, pode vir a beneficiá-los, me parece um vício. Resta a população brasileira que os avanços obtidos em termos de moralidade no processo eleitoral não sejam tolhidos por uma legislação mais complacente.
Hilda Suzana Veiga Settineri

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