FHC defende descriminalização da droga.E se fosse Lula?
Aos 30 anos, ele já entrevistou Bill Clinton, Jimmy Carter, Pedro Almodóvar, Michelangelo Antonioni. Com Caetano Veloso, percorreu o mundo. E com o ex-presidente FHC, estrela de seu documentário "Quebrando o Tabu", que estreia no próximo dia 3, também.
Juntos, voaram aos EUA, Portugal, Suíça e mesmo a Amsterdam, para visitar os "coffee shops", os tradicionais pontos de venda de maconha e haxixe regulamentados pelo governo holandês.
Tudo para ilustrar o eixo central do filme: a descriminalização do uso das drogas.
Fernando Grostein Andrade é bem relacionado de nascença, e isso tem ajudado um bocado a viabilizar seus projetos.
Filho do jornalista Mário de Andrade, diretor da "Playboy" na década de 80, e meio-irmão do apresentador Luciano Huck (um dos produtores de "Quebrando o Tabu"), cresceu em um meio que incluía alguns dos melhores nomes do jornalismo, como o editor Thomaz Souto Corrêa, do Grupo Abril (que assina como um dos roteiristas do filme). Seu padrasto é Andrea Calabi, Secretário Estadual da Fazenda.
"Não sou muito inteligente, mas meus amigos são", costuma brincar o diretor, que hoje tem uma produtora própria de filmes publicitários e autorais. Já são dois os documentários em seu currículo, iniciado com o insólito "Coração Vagabundo" (2009), no qual flagra Caetano Veloso até mesmo nu.
Em comum com o filme atual, Fernando visualiza o que chama de "luta contra o obscurantismo".
"Caetano tem uma mente cosmopolita e lúcida. E FHC, uma cabeça muito aberta. Ele deu a cara a bater", comenta o jovem diretor que votou em Alckmin, Serra e FHC nas eleições.
Essa "luta contra o obscurantismo" remonta aos tempos em que estudava no Colégio Santa Cruz, uma das mais conceituadas (e caras) escolas de São Paulo.
Foi quando Fernando teve a sacada de fazer uma revista dirigida aos alunos e paga por anunciantes.
No primeiro número, publicou um ensaio fotográfico sensual com as garotas mais bonitas do colégio.
"Metade das pessoas adorou e outra metade quis queimar a revista na fogueira. Tinha uma galera supostamente de esquerda que queria uma revista intelectualizada", recorda.
MAKING OF
Sobre a descriminalização das drogas, Fernando diz: "Duas coisas me marcaram. Primeiro, quando li 'Christiane F.' [célebre livro autobiográfico de uma alemã viciada em heroína]. E, depois, quando subi a favela da Rocinha para gravar um clip do Gilberto Gil", lembra.
"Vi jovens como eu sendo explorados pelo tráfico. Lembrei de quando fui a um 'coffee shop' em Amsterdam, aos 18 anos. Uma brutal diferença: em um canto, o pessoal te recebe com AK-47. Em outro, como em um café casual".
A verba para a produção de "Quebrando o Tabu" foi obtida via mecanismos de incentivo, e o valor captado foi de R$ 2,4 milhões.
É uma cifra considerada elevada para os padrões nacionais do gênero. De acordo com a Ancine, "Cartola" por exemplo, captou R$ 1,33 milhão. "Uma Noite em 67", R$ 930 mil. "O Homem que Engarrafava Nuvens" obteve R$ 1,83 milhão.
"Quebrando o Tabu" contou com oito roteiristas e rodou por 18 cidades, o que resultou em mais de 400 horas de filmagem. "A gente concluiu que o filme só seria legítimo se pudesse rodar o mundo mostrando como as coisas funcionam em cada lugar", explica Luciano Huck.Folha.
Postado por TERROR DO NORDESTE à
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